Sábado, 9 de Abril de 2005

Outra Gata


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                                     para Haroldo, felinófilo

Embora seja tão
minúscula, está viva
a gata que se esquiva
enquanto minha mão,

com mais de um arranhão,
conclui a tentativa
inútil e, à deriva,
afaga o nada em vão.

Fruindo em paz de sete
vidas, no entanto, a gata
faz sua toilette

e assim não se constata
que esconde um canivete
suíço em cada pata.

Nelson Ascher
(poema gentilmente enviado pelo autor)

publicado por arcadajade às 00:52
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Sábado, 29 de Janeiro de 2005

Pequena Elegia


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George Stubbs  

 

                      i.m. nikita (gata da inês) 

 

Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.

Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.

Gatos não morrem: sua fictícia morte
não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.

Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.

Gatos não morrem: mais preciso
― se somem ― é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso

e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.

 

Nelson Ascher, 15/06/02

publicado por arcadajade às 21:19
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