Sexta-feira, 3 de Junho de 2005

Como dar nome aos gatos


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Dar nome aos gatos é uma questão difícil,
Não é nenhum jogo de férias;
Podeis pensar que sou doido varrido
Quando vos digo que um gato deve ter TRÊS DIFERENTES NOMES

Antes de mais nada, há o nome que a família emprega diariamente,
Tal como Peter, Augustus, Alonzo ou James,
Tal como Victor ou Jonhatan, George ou Bill Bailey -
Todos eles sensatos nomes de todos os dias
Há nomes de maior fantasia se achais que soam melhor,
Alguns para cavalheiros, alguns para as damas:
Tal com Plato, Admeteus, Electra, Demeter -
Mas todos eles sensatos nomes de todos os dias
Mas, digo-vos eu, um gato precisa de um nome que seja particular,
Um nome que seja peculiar, e mais dignificado,
Senão, como pode ele manter a cauda perpendicular,
Ou estender os bigodes, ou encarecer o orgulho?
De nomes como Muskustrap, Quaxo ou Coricopat,
Tais como Bombalurina, ou então Jellylorum -
Nomes que nunca pertencem a mais do que um gato
Mas, mais acima e mais além, falta ainda outro nome,
E esse é o nome que jamais adivinhareis;
O nome que nenhuma investigação humana pode descobrir -
Quando se vê um gato em profunda meditação,
A razão, digo-vos eu, é sempre a mesma:
O seu espírito está em ávida contemplação
       Do pensamento, do pensamento, do pensamento do seu nome:
       Do seu inefável efável
       Efaninefável
Profundo e incontável singular Nome.

T. S. Elliot, em Assinar a Pele, Antologia de Poesia Contemporânea sobre Gatos, selec. de João Luís Barreto Guimarães, Assírio & Alvim, Lisboa, 2001

publicado por arcadajade às 00:05
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Terça-feira, 30 de Dezembro de 2003

Mascarilho

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MASCARILHO: GATO MISTÉRIO

 

Mascarilho misterioso, por alcunha Garra Leve,
É criminoso perfeito que se ri de toda a lei.
Nas brigadas da polícia faz reinar a confusão
Pois se chegam ao local - Mascarilho já sumiu!

Mascarilho, Mascarilho, gato que não tem igual,
Todas as leis violou, mesmo a lei da gravidade,
Capaz de levitação que faz inveja a faquir.
Chegando ao local do crime - Mascarilho já sumiu!
Podem revistar a cave, podem procurar no céu
Mas por mim volto a dizer - Mascarilho já sumiu!

Mascarilho é alto e esguio, arruivado tem o pelo:
É logo reconhecido por ter olhos encovados,
Redonda cabeça e rugas cavadas de tanto pensar;
Por desleixo tem lixo no pelo, bigode eriçado,
Para ambos os lados abana a cabeça, parece serpente,
E mantem-se sempre alerta quando finge dormitar.

 

T. S. Eliot, O Livro dos Gatos, Trad. João Almeida Flor, Ed. Caravela, Lisboa, 1992

publicado por arcadajade às 12:13
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